Embora as campanhas contra a dengue sejam continuamente realizadas, ainda parecem existir muitos questionamentos sobre o assunto, o que talvez se reflita na dificuldade de controle dessa arbovirose no Brasil.
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), até o final de abril de 2023, houve um aumento de 30% nos casos de dengue, em comparação com o mesmo período em 2022. Para se ter uma ideia da alta prevalência da doença em nosso país, dos 1.994.088 casos de dengue notificados, até junho de 2023, na Região das Américas, 1.515.460 ocorreram em solo brasileiro, conforme levantamento feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Devido às dúvidas recorrentes e ao crescimento de casos, reunimos mais informações sobre o tema e esclarecemos como a dengue é transmitida, seus principais tipos e como se proteger dela. Acompanhe!
O QUE É A DENGUE?
A dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos, classificada como uma arbovirose urbana que acontece em todos os países tropicais, especialmente no Brasil. É considerada uma doença febril, semelhante à gripe, e, às vezes, causa uma complicação potencialmente letal chamada dengue grave.
Podendo ocorrer ao longo de todo o ano, a incidência maior de dengue é nas épocas mais chuvosas de cada região. Pessoas de qualquer idade estão suscetíveis à infecção pelo vírus, porém, crianças, idosos, pessoas imunossuprimidas, com comorbidades ou doenças crônicas apresentam maiores chances de manifestar sintomas mais graves.
COMO A DENGUE É TRANSMITIDA?
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada no ciclo urbano (humano-vetor-humano). Isso significa que o mosquito pica uma pessoa infectada, tornando-se, assim, um transmissor. Ao picar outro indivíduo, passa o vírus para a pessoa saudável.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Ao ser infectada pelo vírus, uma pequena parcela da população pode ser assintomática. Mas, comumente, a pessoa tem, pelo menos, dois sintomas. Os mais comuns são:
- febre alta, de mais de 38°C;
- dores no corpo e nas articulações;
- falta de apetite;
- dor de cabeça;
- dor atrás dos olhos;
- manchas pelo corpo.
Em geral, o primeiro sintoma a se manifestar é a febre alta e constante, seguida das dores nas articulações e de outros sintomas. Na dengue grave (conhecida como “dengue hemorrágica”), os sintomas observados incluem dores abdominais, sangramento nas gengivas, vômito com sangue, respiração rápida, fadiga ou inquietação, além da diminuição da febre.
QUAIS TIPOS DE DENGUE EXISTEM?
Diferentemente do que muitos acreditam, a dengue não é uma doença de vírus único. Existem quatro tipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Todos têm o mesmo modo de transmissão predominante — pela picada de um mosquito, a fêmea do Aedes aegypti.
Pela variação de tipos do vírus, uma pessoa pode ter até quatro vezes a doença, sendo infectada, cada vez, por um dos tipos.
QUAL TIPO DE DENGUE É MAIS LETAL?
Não existe um tipo de dengue mais letal do que outro. O que pode ocorrer é que, na primeira contaminação, a pessoa geralmente tem a chamada “dengue clássica”, com sintomas mais leves, como febre e dor no corpo.
Os sintomas podem se agravar a partir de uma nova infecção, gerando maior preocupação se o paciente já tiver tido mais do que duas infecções.
O QUE OCORRE COM A REINFECÇÃO PELO VÍRUS DA DENGUE?
Ao longo da vida, um indivíduo pode se infectar em quatro ocasiões, uma vez que existem quatro tipos do vírus da dengue. Ele adquire imunidade para o tipo que o infectou, mas não para os demais.
Caso se infecte uma segunda vez, existe a possibilidade de desenvolver sintomas mais graves (como a febre hemorrágica da dengue).
QUAIS SÃO AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO PARA TODOS OS TIPOS DE DENGUE?
Segundo o MS, as medidas de prevenção contra a dengue são de responsabilidade dos gestores de saúde. Dessa forma, o Sistema Único de Saúde (SUS) busca fornecer a estados e municípios melhores condições para enfrentar esse problema.
Contudo, também é papel da população adotar medidas para combater a disseminação do mosquito transmissor. As principais medidas que podem ser aplicadas são:
- Eliminar criadouros, mantendo fechado qualquer local que possa acumular água, a fim de evitar a criação dos ovos. É necessário fazer controle e vistorias nesses locais constantemente, para verificar se está ocorrendo o acúmulo. Isso porque os ovos podem permanecer nos locais por até um ano, com chances de gerar larvas e, consequentemente, o mosquito;
- Fazer uso de mosquiteiros sobre as camas e telas nas janelas e portas;
- Se estiver em viagem em áreas com grande incidência do mosquito transmissor, sugere-se o uso de roupas (calças e mangas compridas) que possam expor menos a pele e, assim, protegê-la de picadas, além do uso de repelentes. Especificamente para crianças, deve-se, de acordo com a idade, conversar com o pediatra para obter orientações sobre o uso de repelentes.
EXISTE VACINA CONTRA A DENGUE?
Sim! Já existe, no mercado, a vacina Dengvaxia, para a prevenção da dengue entre pessoas de seis a 45 anos. Em março de 2023, foi aprovada uma nova vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina Qdenga.
Quais as diferenças entre as duas vacinas?
- Ampliação do público: a vacina Qdenga estende a faixa etária para pessoas até 60 anos;
- Aumento da proteção: enquanto a Dengvaxia previne cerca de 65,5% dos casos de dengue, a Qdenga previne 80,2% e diminui em 90% as chances de internação hospitalar;
- Esquema reduzido: antes com três doses, a nova vacina passa a ter somente duas doses (com intervalo de três meses).
Além disso, a nova vacina pode ser aplicada independentemente da exposição anterior à dengue e sem necessidade de teste pré-vacinação (sorologia).
Resumo (vacina Qdenga):
Idade
- 4 a 60 anos
Eficácia
- 80,2% de eficácia geral da vacina;
- 90,4% de eficácia geral da vacina na prevenção da dengue hospitalizada.
Indicação
- Evitar casos graves e reduzir hospitalização contra a dengue pelos sorotipos 1, 2, 3 e 4 do vírus.
Observação: mesmo quem nunca teve a doença deve tomar a vacina.
Esquema
- Duas doses, com intervalo de três meses (0 – 3 meses)
Administração
- Via subcutânea
Contraindicação
- Imunodeprimidos;
- Alergia grave (história de anafilaxia) a algum dos componentes do imunizante ou à dose anterior;
- Mulheres grávidas ou amamentando.

COMO TRATAR A DENGUE?
Não existe um medicamento ou tratamento específico para dengue. Por isso, os cuidados variam de acordo com a apresentação clínica da doença.
Em casos mais leves, medidas como repouso, hidratação e uso de analgésicos (exemplo: paracetamol) estão indicadas. Entretanto, é importante obter orientação médica sobre os exames laboratoriais de controle, bem como as medicações contraindicadas (alguns medicamentos de rotina, como aspirina ou ibuprofeno, não devem ser tomados pelo risco de aumentar o sangramento). Em casos mais graves da doença, pode haver necessidade de cuidados intensivos e, até mesmo, a internação do paciente.
Neste artigo, você pôde aprender mais sobre o vírus DENV, os tipos de dengue, como ela é transmitida, seus sintomas, as formas de prevenção e tratamento. Então, chegou a hora de você fazer a diferença. Ajude a controlar a proliferação do vírus da dengue com medidas de prevenção simples, sem mesmo sair de casa!
Sabemos que a dengue é uma doença que, muitas vezes, pode ser confundida com outras arboviroses. Para não haver mais dúvidas, sugerimos a leitura de Dengue, zika e chikungunya: entenda as diferenças e como se prevenir.