Sabin Por: Sabin
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O curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, apresenta a discussão sobre os “Testes funcionais em endocrinologia. Quando solicitar e como interpretar?”.

A endocrinologista Dra. Luciana Naves preparou esta aula com o objetivo de orientar o aluno nas investigações laboratoriais das endocrinopatias, trazendo atualizações referentes à avaliação funcional.

Endocrinologia e os testes funcionais

O entendimento acerca do funcionamento do sistema endócrino e suas particularidades impulsiona o que será aprendido nesta aula. Por isso, alguns conceitos básicos não podem deixar de ser revisitados. 

Testes funcionais endocrinológicos têm a finalidade de simular situações de estímulo ou inibição hormonal. São recomendados quando o nível de produção de hormônios apresenta-se desregulado.

Dra. Luciana explica que fazer uma boa interpretação é mais do que a leitura de um resultado. Requer, antes de tudo, que o médico conheça as características bioquímicas dos hormônios e suas funções fisiológicas. É preciso, ainda, aprender a identificar aspectos como o melhor horário do biorritmo hormonal, conhecer os picos de produção do hormônio, além de saber o horário mais indicado para a coleta do exame e seu fim específico. 

Como realizar uma correta avaliação laboratorial hormonal

A avaliação laboratorial adequada é realizada através do envolvimento do médico em três momentos primordiais: a solicitação do exame; a presença no laboratório; e a interpretação final. O processo de investigação começa antes mesmo da realização do teste, pois é preciso avaliar alguns parâmetros do paciente, como o uso de medicamentos, condições fisiológicas, entre outros. 

Para evitar o comprometimento do resultado, é extremamente importante garantir as boas condições de coleta, acondicionamento e transporte. Estudos indicam que a maior ocorrência de fatores que alteram a interpretação está na fase de pré-análise.

Tipos de investigações endocrinológicas

Estudar o comportamento de um determinado hormônio compreende estabelecer uma metodologia adequada para estímulo dos agentes provocativos. A seguir, a médica relaciona alguns desses métodos e as respectivas ocorrências patológicas.

Hipopituitarismo

Deficiência hormonal, isolada ou combinada, de origem central, que ocorre nos neurônios neurossecretores do hipotálamo ou nos hormônios produzidos pela hipófise anterior. As causas do hipopituitarismo são diversas, podendo ter origens genética, inflamatória, infecciosa, medicamentosa, tumoral, entre outras.

Metodologia: administração de um secretagogo que simule ação hipotalâmica sobre o hormônio hipofisário. Nesse contexto, Dra. Luciana Naves abre um parêntese, na apresentação, para destacar alguns aspectos importantes que devem ser levados em consideração na hora de solicitar os testes funcionais. Cabe ressaltar que as diretrizes utilizadas fazem parte do consenso de hipopituitarismo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), do qual ela é uma das autoras. Confira a explicação completa!

Hipersecreção hormonal

Condição relacionada a disfunções da hipófise ou das glândulas-alvo. 

Metodologia: não se utiliza teste de estímulo, mas sim de supressão. O agente provocativo deve, então, inibir a produção hormonal.

Insuficiência adrenal

Baixa produção hormonal das glândulas adrenais.

Metodologia: a necessidade de estimulação ou não dependerá do nível de cortisol matinal produzido.

Deficiência de GH

Para avaliar o GH (Growth Hormone) — ou hormônio do crescimento — o primeiro requisito é identificar a secreção pulsátil.

Metodologias: determinar o teste mais sensível; simular a liberação fisiológica; identificar o ponto de corte.

Testes funcionais de crescimento mais comuns

Dentre os testes de estímulo para GH mais utilizados, destacam-se os testes de hipoglicemia insulínica e o teste da clonidina.

A endocrinologista faz um apanhado dos principais tipos de estímulos químicos para cada procedimento, de acordo com o perfil do paciente, bem como apresenta os pontos de corte e efeitos adversos. 

Não perca a apresentação dos protocolos detalhados para cada situação clínica aqui relatada!

Fatores de influência nos testes funcionais de crescimento

Alguns aspectos podem interferir na interpretação e no resultado dos testes nas diferentes faixas etárias.

Em crianças obesas, é imprescindível atentar-se ao pico de GH. Já em crianças pré-púberes, deve-se levar em conta os níveis de produção de estradiol ou testosterona. Crianças em fase de transição, que estão iniciando a vida adulta e que tenham feito uso de GH na infância, precisam se submeter aos testes funcionais novamente, a fim de comprovar se ainda existe deficiência hormonal.

Adultos também podem apresentar um quadro deficiente de hormônio do crescimento, principalmente aqueles que sofreram algum tipo de alteração estrutural ou fisiológica da hipófise ou do hipotálamo. Além disso, algumas divergências de GH e IGF-1 podem ser observadas na avaliação. Isso pode ocorrer em razão de critérios como a alteração do biorritmo ou a variação entre ensaios. Entretanto, para evitar essas e outras discrepâncias, Dra. Luciana afirma ser fundamental o conhecimento em fisiologia e bioquímica para a boa interpretação dos exames. 

Tentamos, aqui, sintetizar as principais informações apresentadas na aula. Mas lembre-se: é indispensável assistir à apresentação completa para absorção do tema e aplicação do conhecimento na prática clínica.

Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas:

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Testes funcionais em endocrinologia. Quando solicitar e como interpretar?; O curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, apresenta a discussão sobre os “Testes funcionais em endocrinologia. Quando solicitar e como interpretar?”. A endocrinologista Dra. Luciana Naves preparou esta aula com o objetivo de orientar o aluno nas investigações laboratoriais das endocrinopatias, trazendo atualizações referentes à avaliação funcional. https://youtu.be/HkUwSUS0g5s Endocrinologia e os testes funcionais O entendimento acerca do funcionamento do sistema endócrino e suas particularidades impulsiona o que será aprendido nesta aula. Por isso, alguns conceitos básicos não podem deixar de ser revisitados.  Testes funcionais endocrinológicos têm a finalidade de simular situações de estímulo ou inibição hormonal. São recomendados quando o nível de produção de hormônios apresenta-se desregulado. Dra. Luciana explica que fazer uma boa interpretação é mais do que a leitura de um resultado. Requer, antes de tudo, que o médico conheça as características bioquímicas dos hormônios e suas funções fisiológicas. É preciso, ainda, aprender a identificar aspectos como o melhor horário do biorritmo hormonal, conhecer os picos de produção do hormônio, além de saber o horário mais indicado para a coleta do exame e seu fim específico.  Como realizar uma correta avaliação laboratorial hormonal A avaliação laboratorial adequada é realizada através do envolvimento do médico em três momentos primordiais: a solicitação do exame; a presença no laboratório; e a interpretação final. O processo de investigação começa antes mesmo da realização do teste, pois é preciso avaliar alguns parâmetros do paciente, como o uso de medicamentos, condições fisiológicas, entre outros.  Para evitar o comprometimento do resultado, é extremamente importante garantir as boas condições de coleta, acondicionamento e transporte. Estudos indicam que a maior ocorrência de fatores que alteram a interpretação está na fase de pré-análise. Tipos de investigações endocrinológicas Estudar o comportamento de um determinado hormônio compreende estabelecer uma metodologia adequada para estímulo dos agentes provocativos. A seguir, a médica relaciona alguns desses métodos e as respectivas ocorrências patológicas. Hipopituitarismo Deficiência hormonal, isolada ou combinada, de origem central, que ocorre nos neurônios neurossecretores do hipotálamo ou nos hormônios produzidos pela hipófise anterior. As causas do hipopituitarismo são diversas, podendo ter origens genética, inflamatória, infecciosa, medicamentosa, tumoral, entre outras. Metodologia: administração de um secretagogo que simule ação hipotalâmica sobre o hormônio hipofisário. Nesse contexto, Dra. Luciana Naves abre um parêntese, na apresentação, para destacar alguns aspectos importantes que devem ser levados em consideração na hora de solicitar os testes funcionais. Cabe ressaltar que as diretrizes utilizadas fazem parte do consenso de hipopituitarismo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), do qual ela é uma das autoras. Confira a explicação completa! Hipersecreção hormonal Condição relacionada a disfunções da hipófise ou das glândulas-alvo.  Metodologia: não se utiliza teste de estímulo, mas sim de supressão. O agente provocativo deve, então, inibir a produção hormonal. Insuficiência adrenal Baixa produção hormonal das glândulas adrenais. Metodologia: a necessidade de estimulação ou não dependerá do nível de cortisol matinal produzido. Deficiência de GH Para avaliar o GH (Growth Hormone) — ou hormônio do crescimento — o primeiro requisito é identificar a secreção pulsátil. Metodologias: determinar o teste mais sensível; simular a liberação fisiológica; identificar o ponto de corte. Testes funcionais de crescimento mais comuns Dentre os testes de estímulo para GH mais utilizados, destacam-se os testes de hipoglicemia insulínica e o teste da clonidina. A endocrinologista faz um apanhado dos principais tipos de estímulos químicos para cada procedimento, de acordo com o perfil do paciente, bem como apresenta os pontos de corte e efeitos adversos.  Não perca a apresentação dos protocolos detalhados para cada situação clínica aqui relatada! Fatores de influência nos testes funcionais de crescimento Alguns aspectos podem interferir na interpretação e no resultado dos testes nas diferentes faixas etárias. Em crianças obesas, é imprescindível atentar-se ao pico de GH. Já em crianças pré-púberes, deve-se levar em conta os níveis de produção de estradiol ou testosterona. Crianças em fase de transição, que estão iniciando a vida adulta e que tenham feito uso de GH na infância, precisam se submeter aos testes funcionais novamente, a fim de comprovar se ainda existe deficiência hormonal. Adultos também podem apresentar um quadro deficiente de hormônio do crescimento, principalmente aqueles que sofreram algum tipo de alteração estrutural ou fisiológica da hipófise ou do hipotálamo. Além disso, algumas divergências de GH e IGF-1 podem ser observadas na avaliação. Isso pode ocorrer em razão de critérios como a alteração do biorritmo ou a variação entre ensaios. Entretanto, para evitar essas e outras discrepâncias, Dra. Luciana afirma ser fundamental o conhecimento em fisiologia e bioquímica para a boa interpretação dos exames.  Tentamos, aqui, sintetizar as principais informações apresentadas na aula. Mas lembre-se: é indispensável assistir à apresentação completa para absorção do tema e aplicação do conhecimento na prática clínica. Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas: Tirando o máximo proveito das sorologiasDra. Luciana CamposInvestigação das linfonodomegaliasDra. Maura ColturatoInvestigação laboratorial de anemiaDra. Maria do Carmo FavarinO laboratório de imuno-hematologia na prática clínicaDra. Ana Teresa NeriMarcadores tumorais. O screening deve ser solicitado?Dr. Alex GaloroEndocrinopatias após Covid-19. Quando suspeitar e como investigar?Dra. Luciana NavesDiabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimentoDra. 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