Sabin Por: Sabin
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O curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, recebeu a infectologista Dra. Luciana Campos para apresentar o tema de sorologias.

A aula “Tirando o máximo proveito das sorologias” faz uma correlação entre os exames sorológicos e a importância na prática clínica. Confira os principais pontos discutidos e assista às explicações completas no vídeo disponível neste artigo.

O que é sorologia

Antes de começar a explanar sobre as práticas médicas propriamente ditas, é importante que se tenha em mente o conceito de sorologia. Dra. Luciana explica que trata-se da pesquisa de anticorpos no sangue que demonstram contato com determinados microrganismos. 

Para ilustrar, ela traz um gráfico que mostra a resposta de anticorpos durante a rubéola. Nele, é possível visualizar claramente dados como a evolução da infecção, o período de incubação, aparecimento do rash, bem como a produção de anticorpos. O diagnóstico da rubéola é clínico e a solicitação da sorologia serve simplesmente para confirmação. 

Quando (ou não) solicitar sorologia

Visando enriquecer as informações, a médica apresenta o cenário atual das sorologias sob o ponto de vista global. Assim, ressalta que as metodologias moleculares — como os exames PCR — têm ganhado, cada vez mais, espaço frente às práticas clínicas. 

O aluno tem a chance de conferir algumas referências técnicas citadas pela médica, que vão ajudar nas solicitações de sorologias e têm impacto direto nos diagnósticos. Nessas demonstrações, é possível verificar situações em que há solicitação exagerada de sorologias, por exemplo, ou razões para não solicitar sorologias. A escolha adequada da sorologia é imprescindível para se obter melhores resultados, evitando custos desnecessários ou algum tipo de prejuízo ao paciente.

A escolha do teste sorológico mais adequado

Na intenção de exemplificar a opção mais acertada na hora de solicitar uma sorologia, Dra. Luciana apresenta, na aula, alguns estudos de caso, com seus respectivos passo a passo, que vão ajudar a avaliar os elementos necessários para a tomada de decisão do médico.

Primeiramente, é necessário realizar a anamnese do paciente, por meio de entrevista, para obter dados como idade, manifestação dos sintomas, uso de medicamentos, hábitos, entre outros. Essa é uma etapa fundamental, que permite traçar características que irão direcionar o médico ao longo do exame clínico. Em seguida, o médico examina os sinais e sintomas físicos do paciente, em que é possível chegar a hipóteses diagnósticas, que, mais tarde, podem vir a ser confirmadas através dos exames sorológicos.

Para não estragar a surpresa da dinâmica proposta pela professora, optamos por mencionar apenas dois dos estudos apresentados. Quer acompanhar todos, na íntegra? Assista à explicação completa da Dra. Luciana no vídeo abaixo, que está imperdível!

Estudo de caso: sífilis

Ficha de Anamnese

  • homem de 22 anos;
  • apresenta manchas avermelhadas indolores no tronco, nas mãos e nos pés;
  • sintomas há cerca de cinco dias;
  • não faz uso de medicamentos;
  • não apresenta úlceras genitais, mas possui histórico de exposição sexual sem preservativo;
  • apresenta linfonodomegalias;
  • apresenta pápulas eritematosas.

Hipóteses diagnósticas

  • dermatite atópica;
  • farmacodermia;
  • sífilis secundária.

Análise do exame sorológico

O paciente apresenta anticorpos Antitreponema Pallidum, agente responsável pela sífilis. Além disso, apresenta um VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) alto.

Diagnóstico

Tendo em vista a detecção de sífilis recente, o que é preciso fazer? Nesse caso, é recomendada a adoção de algumas medidas: prescrição de antibioticoterapia; investigação de parceiros sexuais; fazer orientação quanto ao uso de métodos preservativos; e investigação de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Para isso, deve-se solicitar novos testes sorológicos.

Após mostrar ao aluno as etapas para obter o diagnóstico, Dra. Luciana faz uma análise detalhada dos estágios clínicos e métodos diagnósticos da sífilis. Na apresentação, é possível ver, com clareza, as diferentes abordagens, bem como a trajetória da infecção, que vai desde a exposição, passa pela lesão, até chegar ao resultado positivo do teste. 

Cabe ressaltar que, dependendo do tipo da lesão, o médico consegue determinar a sorologia mais indicada para a pesquisa de anticorpos, contribuindo para resultados mais eficazes. Dessa forma, a escolha do teste imunológico é beneficiada e o tratamento destinado ao paciente é melhor direcionado.

Estudo de caso: toxoplasmose

Ficha de Anamnese

  • mulher de 32 anos;
  • apresenta quadro de prostração, dores de cabeça e garganta e febre;
  • sintomas há cerca de seis dias;
  • está em uso de antitérmico;
  • sem viagem recente;
  • sem relação sexual desprotegida;
  • apresenta linfonodos;
  • apresenta rash eritematoso.

Hipóteses diagnósticas

  • mononucleose;
  • toxoplasmose;
  • citomegalovírus;
  • arbovirose;
  • HIV.

Análise do exame sorológico

A paciente apresenta anti-HIV não reagente, imunidade aos vírus Epstein-Barr e citomegalovírus. Apresenta resultado reagente para anticorpos antitoxoplasma, confirmado pelo método Alfa.

Diagnóstico

Diante do diagnóstico de toxoplasmose aguda da paciente estudada, a infectologista alerta sobre as gravidades da doença, conta que o caso em questão é verídico e ocorreu durante um surto de toxoplasmose, em São Paulo, em 2019. Dessa forma, ela destaca a importância da epidemiologia para o raciocínio clínico.

A importância do exame sorológico para o diagnóstico

Os exames sorológicos são ferramentas essenciais para o diagnóstico. No entanto, é preciso entender que eles servem para confirmar as hipóteses elencadas pelo médico durante a avaliação clínica prévia.

Quando utilizada de maneira correta, a sorologia exerce um papel norteador muito importante e evita a tomada equivocada de decisões. Contudo, é preciso cautela na hora da solicitação. Esperamos que esta aula contribua para que mais médicos realizem as investigações clínicas necessárias e suficientes para que haja coerência na hora de fazer o pedido de sorologia.

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Tirando o máximo proveito das sorologias; O curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, recebeu a infectologista Dra. Luciana Campos para apresentar o tema de sorologias. A aula “Tirando o máximo proveito das sorologias” faz uma correlação entre os exames sorológicos e a importância na prática clínica. Confira os principais pontos discutidos e assista às explicações completas no vídeo disponível neste artigo. O que é sorologia Antes de começar a explanar sobre as práticas médicas propriamente ditas, é importante que se tenha em mente o conceito de sorologia. Dra. Luciana explica que trata-se da pesquisa de anticorpos no sangue que demonstram contato com determinados microrganismos.  Para ilustrar, ela traz um gráfico que mostra a resposta de anticorpos durante a rubéola. Nele, é possível visualizar claramente dados como a evolução da infecção, o período de incubação, aparecimento do rash, bem como a produção de anticorpos. O diagnóstico da rubéola é clínico e a solicitação da sorologia serve simplesmente para confirmação.  Quando (ou não) solicitar sorologia Visando enriquecer as informações, a médica apresenta o cenário atual das sorologias sob o ponto de vista global. Assim, ressalta que as metodologias moleculares — como os exames PCR — têm ganhado, cada vez mais, espaço frente às práticas clínicas.  O aluno tem a chance de conferir algumas referências técnicas citadas pela médica, que vão ajudar nas solicitações de sorologias e têm impacto direto nos diagnósticos. Nessas demonstrações, é possível verificar situações em que há solicitação exagerada de sorologias, por exemplo, ou razões para não solicitar sorologias. A escolha adequada da sorologia é imprescindível para se obter melhores resultados, evitando custos desnecessários ou algum tipo de prejuízo ao paciente. A escolha do teste sorológico mais adequado Na intenção de exemplificar a opção mais acertada na hora de solicitar uma sorologia, Dra. Luciana apresenta, na aula, alguns estudos de caso, com seus respectivos passo a passo, que vão ajudar a avaliar os elementos necessários para a tomada de decisão do médico. Primeiramente, é necessário realizar a anamnese do paciente, por meio de entrevista, para obter dados como idade, manifestação dos sintomas, uso de medicamentos, hábitos, entre outros. Essa é uma etapa fundamental, que permite traçar características que irão direcionar o médico ao longo do exame clínico. Em seguida, o médico examina os sinais e sintomas físicos do paciente, em que é possível chegar a hipóteses diagnósticas, que, mais tarde, podem vir a ser confirmadas através dos exames sorológicos. Para não estragar a surpresa da dinâmica proposta pela professora, optamos por mencionar apenas dois dos estudos apresentados. Quer acompanhar todos, na íntegra? Assista à explicação completa da Dra. Luciana no vídeo abaixo, que está imperdível! https://youtu.be/H6b8vaxU4kc Estudo de caso: sífilis Ficha de Anamnese homem de 22 anos;apresenta manchas avermelhadas indolores no tronco, nas mãos e nos pés;sintomas há cerca de cinco dias;não faz uso de medicamentos;não apresenta úlceras genitais, mas possui histórico de exposição sexual sem preservativo;apresenta linfonodomegalias;apresenta pápulas eritematosas. Hipóteses diagnósticas dermatite atópica;farmacodermia;sífilis secundária. Análise do exame sorológico O paciente apresenta anticorpos Antitreponema Pallidum, agente responsável pela sífilis. Além disso, apresenta um VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) alto. Diagnóstico Tendo em vista a detecção de sífilis recente, o que é preciso fazer? Nesse caso, é recomendada a adoção de algumas medidas: prescrição de antibioticoterapia; investigação de parceiros sexuais; fazer orientação quanto ao uso de métodos preservativos; e investigação de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Para isso, deve-se solicitar novos testes sorológicos. Após mostrar ao aluno as etapas para obter o diagnóstico, Dra. Luciana faz uma análise detalhada dos estágios clínicos e métodos diagnósticos da sífilis. Na apresentação, é possível ver, com clareza, as diferentes abordagens, bem como a trajetória da infecção, que vai desde a exposição, passa pela lesão, até chegar ao resultado positivo do teste.  Cabe ressaltar que, dependendo do tipo da lesão, o médico consegue determinar a sorologia mais indicada para a pesquisa de anticorpos, contribuindo para resultados mais eficazes. Dessa forma, a escolha do teste imunológico é beneficiada e o tratamento destinado ao paciente é melhor direcionado. Estudo de caso: toxoplasmose Ficha de Anamnese mulher de 32 anos;apresenta quadro de prostração, dores de cabeça e garganta e febre;sintomas há cerca de seis dias;está em uso de antitérmico;sem viagem recente;sem relação sexual desprotegida;apresenta linfonodos;apresenta rash eritematoso. Hipóteses diagnósticas mononucleose;toxoplasmose;citomegalovírus;arbovirose;HIV. Análise do exame sorológico A paciente apresenta anti-HIV não reagente, imunidade aos vírus Epstein-Barr e citomegalovírus. Apresenta resultado reagente para anticorpos antitoxoplasma, confirmado pelo método Alfa. Diagnóstico Diante do diagnóstico de toxoplasmose aguda da paciente estudada, a infectologista alerta sobre as gravidades da doença, conta que o caso em questão é verídico e ocorreu durante um surto de toxoplasmose, em São Paulo, em 2019. Dessa forma, ela destaca a importância da epidemiologia para o raciocínio clínico. A importância do exame sorológico para o diagnóstico Os exames sorológicos são ferramentas essenciais para o diagnóstico. No entanto, é preciso entender que eles servem para confirmar as hipóteses elencadas pelo médico durante a avaliação clínica prévia. Quando utilizada de maneira correta, a sorologia exerce um papel norteador muito importante e evita a tomada equivocada de decisões. Contudo, é preciso cautela na hora da solicitação. Esperamos que esta aula contribua para que mais médicos realizem as investigações clínicas necessárias e suficientes para que haja coerência na hora de fazer o pedido de sorologia. Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas: Investigação das linfonodomegaliasDra. Maura ColturatoInvestigação laboratorial de anemiaDra. Maria do Carmo FavarinO laboratório de imuno-hematologia na prática clínicaDra. Ana Teresa NeriMarcadores tumorais. 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